Tempos sombrios e obscuros na história da humanidade, não surgem de desastres ou epidemias, tempos do mal só emergem da ignorância, do preconceito e da violência. A era das trevas, foi antes de qualquer coisa (mesmo que se tenha produzido conhecimento, mesmo que houvesse amor e fraternidade), foi o império do ódio, da perseguição, da paranoia e o medo de perder o poder.
Durante as grandes guerras, a ignorância intelectual e ética, a negação do outro e o preconceito fizeram da violência a maior marca humana. Na verdade, a violência é a principal marca até hoje da humanidade, pois gerou e gera abandono, é reprodutora de desigualdades e marginalização, e por eles é realimentada todos os dias, a violência fortalece o ódio estrutural, e são esses fatos, e não outros, que tornam um tempo verdadeiramente sombrio.
Muitos colegas, mais brilhantes do eu, trataram desse ofício (ser historiador), contaram o que ninguém queria ouvir, documentaram e revelaram o que a maior parte das pessoas queria negar, um ofício maravilhoso cheio de responsabilidades e com certeza essencial em tempos sombrios.
Segue uma homenagem a todos que foram picados pelo mosquito da inquietação e da curiosidade histórica e apontaram para o futuro, quando ninguém sequer compreendeu ainda o passado.
"Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é “como as pessoas vão conseguir consumir todas essas unidades adicionais de tempo de lazer?”, mas “que capacidade para a experiência terão as pessoas com esse tempo livre?”. Se mantemos uma avaliação de tempo puritana, uma avaliação de mercadoria, a questão é como empregar esse tempo, ou como será aproveitado pelas indústrias de entretenimento. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais mais enriquecedoras e descompromissadas; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida.“ — E.P. Thompson
"Essas e muitas outras tentativas de substituir a história pelo mito e a invenção não são apenas piadas intelectuais de mau gosto".
"Nações sem um passado são contradições em termos. O que faz uma nação é o passado, o que justifica uma nação contra outras é o passado, e os historiadores são as pessoas que o produzem". - Eric Hobsbawm
"A arte é a expressão da sociedade em seu conjunto: crenças, idéias que faz de si e do mundo. Diz tanto quanto os textos de seu tempo, às vezes ate mais". - Georges Duby
"O homem não vive somente de pão; a História não tinha mesmo pão; ela não se alimentava se não de esqueletos agitados, por uma dança macabra de autômatos. Era necessário descobrir na História uma outra parte. Essa outra coisa, essa outra parte, eram as mentalidades". Jacques Le Goff
"A história historizante pede pouco. Bem pouco. Muito pouco para mim, e para muitos outros além de mim. Eis toda a nossa crítica: mas ela é sólida. A crítica de todos aqueles para os quais as idéias são uma necessidade. As idéias, essas valentes mulheres, das quais fala Nietzsche, que não se deixam possuir pelos homens com sangue de rã.“
"Assim eles [historiadores] atuarão sobre sua época. Assim farão com que seus contemporâneos e seus concidadãos possam compreender melhor os dramas dos quais vão ser, dos quais já são, ao mesmo tempo, os atores e espectadores. Assim trarão os mais ricos elementos de solução aos problemas que perturbam os homens de seu tempo". Lucien Febvre
"Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que enchem o panorama da história e são muitas vezes mais interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a história". - Sérgio Buarque de Holanda
Pessoas elevadas falam de ideias; pessoas medianas falam de fatos; pessoas vulgares falam de pessoas. - Leandro Karnal
"Tanto mais robusta a fantasia, quanto mais débil o raciocínio". Giambattista Vico
"Este é o melhor motivo para estudar história: não para poder predizer o futuro, e sim para se libertar do passado e imaginar destinos alternativos". - Yuval Noah Harari
19 de agosto - Dia do Historiador
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