"Em 1967, a varíola ainda infectou 15 milhões de pessoas e matou 2 milhões. Mas na década seguinte uma campanha global de vacinação foi tão bem sucedida que, em 1979, a Organização Mundial de Saúde declarou que a humanidade havia vencido e que a varíola fora completamente erradicada. Em 2019, ninguém contraiu a doença.
Em segundo lugar, a história indica que a proteção real vem da troca de informação científica confiável e da solidariedade global. Quando um país é atacado por uma determinada epidemia, deve estar disposto a compartilhar honestamente as informações sobre o surto, sem medo de uma catástrofe econômica, ao passo que os outros países devem ser capazes de confiar naquela informação, dispondo-se a estender uma mão amiga em vez de deixar a vítima no ostracismo.
Hoje, a humanidade enfrenta uma crise aguda não apenas por causa do coronavírus, mas também pela falta de confiança entre os seres humanos. Para derrotar uma epidemia, as pessoas precisam confiar nos especialistas, os cidadãos precisam confiar nos poderes públicos e os países precisam confiar uns nos outros.
Nos últimos anos, políticos irresponsáveis solaparam deliberadamente a confiança na ciência, nas instituições e na cooperação internacional. Como resultado, enfrentamos a crise atual sem líderes que possam inspirar, organizar e financiar uma resposta global coordenada. Durante a epidemia do ebola em 2014, os Estados Unidos atuaram como esse tipo de líder".
Excelentes reflexões do Yuval Noah Harari em um ensaio que acabei de ler.
Na batalha contra o coronavirus, faltam líderes a humanidade, 15 de março de 2020.
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