O Brasil tem nas commodities agropecuárias e minerais a gigantesca fatia de 70% do volume de exportações, produtos extremamente sensíveis às variações do consumo mundial, ao câmbio e as condições do clima, situações que deixam cada vez mais exposta nossa economia e inviabiliza planejamento comercial de longo prazo. O Icomex da FGV apontou que esse número é o maior da série histórica iniciada em 1998, e ainda que as exportações brasileiras aumentaram 37% quando comparadas com o mesmo período de 2020 e mesmo com esse volume, em produtos o resultado da balança recuou 0,7%.
Enquanto isso, a indústria brasileira tem o menor patamar da série histórica, com queda para 1,32% em 2020, pior desempenho desde 1990, início da série histórica. Lembro que nossas exportações industriais são majoritariamente para o Mercosul, países árabes e a própria China, porém produtos com baixa tecnologia embarcada e com valor agregado muito baixo, nesse volume grande parte, por exemplo, é de farelos de milho, soja e lingotes de aço, produtos cuja industrialização fornecem empregos de baixa renda o que tem refletido na renda média do trabalhador brasileiro.
O emprego de países médios e ricos é industrial e de serviços de tecnologia e nesse aspecto estamos andando de charrete. Outrossim, o investimento chinês em vários países do continente africano tem objetivo claro, em 5 anos tornar a África um fornecedor de commodities minerais e agrícolas, aumentando a diversificação de fornecedores desses produtos no mundo, com 03 vantagens, a primeira custo de trabalhadores, a segunda, custo do frete, e a terceira, contratos compromissados de investimento, produção e compra de longo prazo, a maioria lastreados por garantias do próprio governo chinês, resultado é o rápido desenvolvimento de grandes regiões no continente africano gerando um novo mercado consumidor na região que tem como preferência a China como fornecedor industrial, a África engatada na locomotiva chinesa.
A China que não possui os trabalhadores mais baratos do mundo e continua seu forte processo de urbanização da sua população e integração econômica construindo o seu mercado consumidor interno, aumentado a renda do trabalhador chinês e seu poder de compra. Enquanto isso nossa charrete depende do tempo, do câmbio e da feira, pois continuamos sem política industrial, não temos planejamento tributário nem mesmo de curto prazo, orçamento público sequestrado e a inovação, combustível para charrete virar uma locomotiva continua no plano dos sonhos. Precisamos subir nosso sarrafo antes da próxima eleição. Um país sem plano nunca terá propósitos.
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